Não existe um torcedor sequer que esteja 100% contente com a escalação do seu time. Até no líder do Campeonato Brasileiro existem controvérsias em torno do parceiro de Everton Ribeiro e William no ataque. Uns dizem que Júlio Baptista renderia como referência na frente, enquanto outros defendem o sempre produtivo Borges de titular com Júlio jogando mais atrás. No entanto, os questionamentos mais frequentes são sempre feitos com os jogadores de meio campo, em especial os volantes.
Desde os tempos de garoto escutava que um time bem montado tinha que ter um primeiro volante, que abre mão de atacar para fazer o “trabalho sujo”, parando contra-ataques e recompondo a defesa sempre que necessário; um segundo volante, que sai para o jogo mas fica ligado nas jogadas adversárias, cercando e dando o bote em momentos oportunos; o terceiro homem de meio campo ou meia de ligação, que em muitos casos é o tradicional “camisa 10”, organizador do time; e por fim, o meia de armador, aquele que gosta de entrar na área e sempre acompanha os atacantes. Só que essa estrutura tática sumiu dos campos de futebol Brasil a fora. O que mais se vê hoje em dia são painéis ilustrando times que jogam com 3 meias e uma referência no popular 4-2-3-1, a exemplo da nossa seleção, do Corinthians campeão do mundo e do Atlético-MG, campeão da libertadores 2013.
Jogar no 4-2-3-1 não quer dizer muita coisa quando o assunto é futebol ofensivo. Do mesmo modo, jogar com 3 volantes pode não ser sinônimo de retranca. O posicionamento de uma equipe é o que determina se seu futebol será jogado do meio pra frente ou do meio para trás. Nesse ponto, abro uma questão que, com certeza, será pauta sobre esquemas táticos nos próximos anos: o fim dos volantes. Quero dizer que faço referência aos volantes marcadores, no estilo Sandro Goiano de ser. Quem não se lembra do Cocito, do Emerson, do Dunga e de jogadores que só marcavam e praticamente não ultrapassavam o meio campo? Esse tipo jogador está sumindo e os dois maiores treinadores do futebol mundial tem parcela de culpa nisso: vejamos como Pep Guardiola e José Mourinho têm escalado seus times.
Acompanhe a escalação do Bayern na vitória por 2x0 em cima do Hannover pelo Campeonato Alemão: Manuel Neuer; / Rafinha, Daniel van Buyten, Jerome Boateng e David Alaba; / Philipp Lahm; / Thomas Müller, Toni Kroos, Arjen Robben e Franck Ribéry; / Mario Mandzukic. Nessa formação, o lateral da seleção alemã Fhilipp Lahm atuou como volante numa formação que, em campo, traduziu-se num 4-1-4-1. Em resumo, o nosso querido Pep Guardiola escalou o atual campeão da Champions League sem nenhum volante de origem e olhe que nessa temporada ele já colocou o excelente volante Javi Martínez na zaga. Isso só é possível graças a mentalidade voluntariosa de jogadores como Robben, Kroos e Ribéry, que acompanham os laterais e as infiltrações dos meias adversários nos momentos em que o time precisa. Dessa forma, não há a menor necessidade de ter volantes de marcação em campo. É a lógica de que a melhor defesa é o ataque.
Pelos lados da Premiere League também tivemos exemplos do 4-1-4-1 sem volante de marcação. Em alguns jogos dessa temporada José Mourinho lançou o Chelsea com a seguinte formação: Peter Cech; / Ivanovic, Cahill, David Luiz, Ashley Cole; / Lampard; / Ramires, De Bruyne, Oscar, Hazard; Torres. No caso do time londrino, quando perde a posse de bola Ramires recompõe ao lado de Lampard formando uma dupla de volantes. Já com a posse da bola, o meia brasileiro abre na ponta direita, jogando quase como um meia armador. A tendência é um Chelsea ainda mais ofensivo com a entrada de William no meio, formando um trio rápido e criativo com Oscar e Hazard.
Como já disse, não adianta está ofensivo só no papel. É melhor ter um trio de volantes tipo Paulinho, Hernanes e Ramires do que um trio de meias formado por Adryan, Douglas e Carlos Eduardo. O posicionamento e a qualidade técnica dos jogadores é que vão determinar a faixa do campo em que o time irá atuar. Contudo, abrir mão de jogadores cuja principal característica é parar o jogo tem que se tornar uma regra nos times modernos, pelo bem do futebol.
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